Certa vez, na Índia, um sábio passeava, com seu discípulo, à margem do rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava.
Ele, então, correu e,
com a mão, retirou o animalzinho e o trouxe à terra firme.
Naquele instante, o
escorpião o picou. Dizem que é uma dor terrível. A mão do sábio
inchou.
Assim que ele o colocou
no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água. E ele, com
a mão já inchada e aquelas dores violentas, vai e o retira
novamente, e o discípulo a observar.
Na terceira vez que ele
traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores
violentas, ele o põe mais distante em terra.
Aí, o discípulo, já
não suportando mais aquilo, diz: "Mestre, eu não estou
entendendo. Este animal... é a terceira vez que o senhor vai
retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira. O senhor deve
estar sofrendo dores horríveis."
E ele, com a fisionomia
plácida das almas que conhecem o segredo do bem, daqueles que já
realmente conquistaram um território de amor e de renúncia no
coração, que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o
discípulo e diz:
-Meu filho, por
enquanto a natureza dele é de picar, mas a minha é de salvar!